No dia 24 de Setembro de 1941, foi aberto um crédito especial de cento e sessenta contos para custear as despesas da conservação das propriedades em que deveria estabelecer-se ou já estava estabelecida a Escola Agro-Pecuária Dr.Francisco Vieira Machado, que com o tempo se tornou uma das mais conhecidas unidades académicas de Angola e que durante bastante tempo foi a única da sua categoria e especialidade. Ficava localizada na povoação de Tchivinguiro, no Lubango.
Em 7 de Janeiro de 1942, foi publicada uma curiosa portaria, assinada por Abel de Abreu Sotto-Mayor, encarregado do Governo-Geral, que uma semana depois, em 14 de Janeiro, publicou uma declaração em que afirmava ser nula e não produzir nenhum efeito. No entanto, pela sua interessante contextura, merece que se lhe faça referência.
Afirmava que a produção hortícola da região de Sá da Bandeira se mostrava insuficiente para suprir as necessidades da população e sugeria-se à Escola Agro-Pecuária Dr.Vieira Machado, visto possuir terrenos apropriados para tais culturas, que passasse a dedicar-se à sua produção.
Recomendava-se a instituição de um regime de gestão semelhante ao das granjas militares e administrativas, cuja direcção ficaria confiada a uma comissão constituída pelo chefe da Repartição Provincial de Pecuária da Huíla, director provincial de Fazenda e o técnico encarregado das propriedades da escola, podendo ter com secretário um funcionário dos Serviços de Fazenda e Contabilidade. Deveria procurar-se que produzisse hortaliças, legumes e frutas para abastecimento das tropas que iriam ser aquarteladas em Sá da Bandeira — pormenor que não podemos dissociar do período histórico que se estava atravessando, pois travava-se então a segunda guerra mundial. As terras africanas não deixavam de ter interesse bélico e até posição estratégica.
Voltando a reportar-nos àquela portaria, esclarecemos que, conjuntamente com a exploração agrícola, fazia-se a previsão da exploração pecuária, nos seus aspectos mais fáceis e mais rápidos — porcos, ovelhas, cabras, coelhos e aves de capoeira — cujos produtos se destinariam igualmente ao abastecimento da tropa.
Nos últimos anos da primeira parte do período abrangido pelo segundo volume desta obra — que engloba os tempos compreendidos entre a primeira grande guerra e a segunda guerra mundial — as autoridades angolanas dedicaram grande interesse à Escola Agro-Pecuária Dr.Vieira Machado, do Tchivinguiro, sendo frequentes as referências a este estabelecimeto de ensino.
Em 16 de Setembro de 1942, foi aberto novo crédito especial de cento e sessenta contos, para fazer face às despesas com a conservação do núcleo de propriedades anexas à escola. E menos de um ano mais tarde, em 23 de Junho de 1943, era aberto outro crédito, desta vez de cento esetenta e três contos, para custear as despesas gerais da sua manutenção e sustentação. E em 24 de Maio de 1944 constituía-se novo fundo monetário, da quantia de novecentos e cinquenta contos, para pagamento de obras a realizar, incluindo a construção de um edifício que servisse de residência ao seu director.
Por decisão das autoridades competentes, o director do estabelecimento poderia expedir telegramas oficiais, usando como endereço a abreviatura "Agros". Referimos isto por ter sido a primeira vez que encontrámos menção oficial expressa relativamente à sua localização, pois até aí apenas se referia à Escola Agro-Pecuária da Humpata, ou Escola Agro-Pecuária da Huíla, havendo o perigo de se confundir com outra, de grau e importância muito diversos, a Escola Agrícolo-Pecuária da Humpata.
Em 23 de Junho de 1943, foram estabelecidas três estações climatológicas no sul de Angola, na serrania que domina a cidade de Sá da Bandeira. Ficavam a cargo da Escola Agro-Pecuária Dr.Francisco Vieira Machado. Estavam localizadas em Tchivinguiro e Chão da Chela, no concelho de Lubango, e Bruco, na circunscrição civil de Bibala.
Como curiosidade, não deixaremos de referir que, poucos dias antes, em 16 de Junho, foi delegado no governador da província da Huíla, capitão Eurico Rodrigues Nogueira, a faculdade de empossar nas funções de "encarregado do governo da província da Huíla" o engenheiroagrónomo Alberto Ferreira da Silva, director da Escola Agro-Pecuária do Tchivinguiro, que deveria entrar em exercício logo que o governador se ausentasse, o que parece ter acontecido em breve. Este pormenor prova, pelo menos, que o estabelecimento era dirigido por pessoa de muito destaque, merecedora de alta consideração, a que poderemos acrescentar que deveria reunir destacados méritos!